Os grandes ganhos de produtividade, daqui para frente,
advirão das melhorias na gestão do conhecimento”
Peter Drucker
Uma das grandes mudanças dos últimos tempos é, sem dúvidas, a abertura das fronteiras econômicas mundiais, guardadas, obviamente, as exceções, o que permitiu também a quebra de antigos modelos econômicos e de gestão. A conseqüência direta e mais perceptível no ambiente organizacional é a urgência por uma nova forma de tratar a informação e o conhecimento.
Hoje, podemos afirmar que existe também uma economia do conhecimento, que segue diretamente essa lógica econômica mundial, porém com um valor inverso, já que, diferentemente de um produto, o conhecimento não está sujeito à escassez. Sua valorização está exatamente no movimento contrário. Quanto mais conhecimento, maior é o valor, seja da organização, seja do profissional.
Mas não é tão simples como parece no texto. O conhecimento numa organização existe em várias escalas, graus de importância, setores e formas. Identificar e saber utilizá-lo da forma mais estratégica é o desafio maior. É para esse fim que existe a tão falada gestão do conhecimento. E o que é?
Utilizando a importante contribuição de Nonaka & Takeushi (1997), temos uma conceituação interessante, em que o conhecimento, diferentemente da informação, refere-se a crenças e compromissos. E para os autores, é preciso ainda classificar esse conhecimento em duas formas:
- Conhecimento explícito: mais facilmente transmitido, pois já está catalogado, em linguagem formal e historicamente é utilizado pelas organizações ocidentais na forma de comunicados, manuais e outros documentos semelhantes.
- Conhecimento tácito: é o conhecimento considerado mais importante e mais difícil de ser identificado e transmitido. Trata-se do conhecimento incorporado à experiência individual do colaborador e envolve crenças pessoais, perspectivas, intuições, habilidades e competências.
Além dessa definição, os autores em questão criaram uma espiral do conhecimento, que vai de tácito para tácito, de explícito para explícito, de tácito para explícito e de explícito para tácito. É um processo de articulação interna que permite a internalização do conhecimento por cada colaborador e é renovável, sempre em níveis mais elevados, fazendo com que o indivíduo aprenda sempre mais e aplique os conhecimentos em áreas diferentes:
E quando falo de gestão do conhecimento, não estou me referindo especificamente a um processo de formação ou educação. O tema e a ação devem ser bem mais amplos do que isso. Deve estar na base da estratégia empresarial e envolver a gestão das competências, do capital intelectual e os sistemas e modalidades de aprendizagem organizacional e educação corporativa.
A gestão do conhecimento tem, portanto, que abarcar e abranger todas as áreas de uma empresa, permitindo que se conheça melhor a cadeia de relacionamentos e todas as informações advindas dela. Clientes, fornecedores, colaboradores, canais de distribuição, processos de produção, concorrentes e mercado em geral são fontes ricas de informação, que contribuem para o gerenciamento dos conhecimentos de qualquer organização.
E para que seja efetiva, algumas questões importantes precisam ser respondidas:
- Há o comprometimento e engajamento das lideranças em relação às diretrizes para a gestão do conhecimento?
- A organização em questão está atenta às formas e contratos de trabalho modernas e seu impacto na produção e disseminação de conhecimento? Ela pratica as formas mais adequadas para o seu negócio?
- As políticas de recursos humanos estão adequadas à realidade e à estratégia que a empresa quer adotar? A empresa já sabe ou tem um plano para retenção de talentos? O recrutamento e seleção foi ou está sendo direcionado para uma prática coerente com a gestão do conhecimento?
- A gestão do conhecimento está atrelada aos resultados da organização?
- Existe um trabalho de estímulo aos comportamentos ideais dentro da lógica da gestão do conhecimento, visando os ciclos de aprendizado e compartilhamento individuais e coletivos?
- A empresa está atenta para a tecnologia e seus constantes avançso? Está usando os recursos mais adequados para a estratégia definida?
- A empresa conhece bem sua cadeia de relacionamentos e de valor? Definiu ações que contemplam todos esses públicos?
- Existe um sistema de aprendizado bem estruturado, com acesso ao conhecimento e fluidez em seu compartilhamento?
E, atrelados a todas essas questões, estão os desafios da organização em influenciar e mobilizar os colaboradores e as lideranças e em como classificar o conhecimento para poder utilizá-lo da forma mais estratégica.
São desafios inerentes à própria forma de gestão, mas que se enfrentados e bem resolvidos, representam sim uma vantagem competitiva. A empresa que faz bem a gestão do conhecimento, aprende a se reinventar diante dos cenários de competitividade e a gerar valor para seus públicos.
Compartilhe conosco suas opiniões e experiências!
Até o próximo!
Ubirajara Neiva
Gestor de Educação Corporativa e Relacionamento
NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro. Campus, 1997.
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